"Mas vimos que o sujeito que sofre com sua relação para com o trabalho é frequentemente levado, nas condições atuais, a lutar contra a expressão pública de seu próprio sofrimento. Afetivamente, ele pode então assumir uma postura de indisponibilidade e de intolerância para com a emoção que nele provoca a percepção do sofrimento alheio. Assim, a intolerância afetiva para com a própria emoção reacional acaba levando o sujeito a abstrair-se do sofrimento alheio por uma atitude de indiferença - logo , de intolerância para com o que provoca seu sofrimento. Em outras palavras, a consciência do - ou a insensibilidade ao - sofrimento dos desempregados depende inetivalmente da relaçaõ do sujeito para com seu próprio sofrimento. Eis por que a análise da tolerância ao sofrimento do desempregado e à injustiça por ele sofrida passa pela elucidação do sofrimento no trabalho. Ou, dito de outra maneira, a impossibilidade de exprimir e elaborar o sofrimento no trabalho constitui importante obstáculo ao reconhecimento do sofrimento dos que estão sem emprego."
Dejours, C. A banalização da injustiça social. p. 46, grifos do autor.
Dr. Emir
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
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