Klein descreveu um tipo de vínculo com o conhecimento e com os objetos, que mais lembra os vínculos expressos nas violentas imagens literárias contidas na tragédia grega, mormente na esquiliana, onde a pantomima é carnal, cheia de fluidos, de muco, de brutalidade derivada da víscera. A Orestéia é um exemplo – Orestes, o herói - filho de Agamêmnon - mata a mãe para vingar ao pai, por este ter tido seu sangue derramado por ela.
Este Édipo fundava uma nova categoria psicopatológica: a ‘psicose edípica’! Édipo com ambivalência e coloridos homossexuais, assassino, justiceiro, sedento de sangue e certeza moral. Por si só, isto dava outra configuração ao drama vivido no âmago da vida familiar.
Os quadros estudados em seus livros - Erna, Dick, Richard - assemelhavam-se à neuroses obsessivas graves, com rituais severos, ou aproximavam-se dos quadros de perda de identidade, terrores e afastamento emocional da realidade, isolamento e angústias que não poderiam ser propriamente qualificadas como neuróticas, tal era a precocidade havida nas manifestações dos distúrbios que essas crianças apresentavam.
Começavam as patologias da infância, e uma nova era teórica. Chegávamos agora às “psicoses obsessivas”. De alguma forma Klein já intuía que não eram suficientes as definições produzias pela “neurótica[1]” de Freud para tratar do problema como ela o via. Essas crianças não poderiam ser tomadas como neuróticas, uma vez que seus sintomas estariam mais próximos das manifestações das desordens psicóticas ou de desordens sugeridas por quadros onde houve uma forte detenção do aprendizado e do crescimento, mas, o que mais lhe atraia era perceber que, de qualquer forma, a infiltração da insanidade, fosse qual fosse o nome dado ao estado psicopatológico, já estava lá. E a parada no desenvolvimento, também, ali já se anunciava como solução sem pensamento.
[1] Neurótica = a teoria das neuroses.
Dr. Emir
domingo, 28 de junho de 2009
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