Narcisismo em Klein

"Em Klein narcisismo é heteronomia, é mandato do outro, é submissão. O verdadeiro ‘eu’ está ancorado na imagem estável do seio bom internalizado - e sito envolve 'desenvolver e ter confiança', pois quem olha para fora se perde nos reflexos: a verdade está dentro, é elaboração, é trabalho. O acesso, como diria Meltzer, à linda mãe-seio-pensante não se faz por identificação, mas por descoberta poética. Para Klein a própria idéia de narcisismo é aquilo que afirma a disposição do ‘eu’ em submeter-se ao ídolo, e em entregar-se cegamente ao seu mandante. É o desamparo, o que força o ‘eu’ a aceitar que a alteridade o invada e se aposse, fixando-se no íntimo do sujeito como ideal. Este movimento é o que impede que se trabalhe com a experiência de subjetividade, que envolve a descoberta precoce da mutabilidade crônica que é natural do ser, e sua inscrição na temporalidade e na tradição melancólica do poeta. Se há algum momento de identificação com a imagem refletida, este momento se deriva do reflexo de nosso rosto na poça de lágrimas no chão diante de nós. Em Klein a subjetividade é úmida, chorosa e quase toda derivada dos humores mais amargos."
Dr. Tomazelli