A beleza do mundo ao redor, o refinamento necessário para atingi-la e compreendê-la. Muito trabalho psíquico. Muita ladeira.
Por isso a estese, e consequentemente a estética, é esse ferimento primário do outro em nós. Isto é: a própria noção de percepto e estímulo obrigam que a metáfora ofereça vínculos com sensações de ferimento. Isto é, o percepto é aquilo com que o objeto nos atinge e nos acossa, e que, se tirarmos a emoção envolvida no evento, este acossamento que fere se chama estímulo. No caso da psicanálise poderíamos chamar de trauma, pois a percepção do outro é dor que prenuncia a chegada de uma dor maior ainda. Dor que antecede ao ser, e se apresenta como ‘músculos-em-ação’, uma vez que ‘músculos-em-ação’ é o mesmo que viver angústia e medo sem pensar.
Ou seja, se de fato, é o “narcisismo instintivo” aquilo que nos coloca em confronto com o outro, de encontro ao outro, é porque este narcisismo evolve da autoconservação, e esta é instintiva. Instintivo quer dizer “resposta de gatilho”, algo sem controle, automático e sem a contribuição do pensamento. Creio que, para quem tem uma cidadela a preservar, este alguém, se de fato a possui, deve automaticamente reagir a favor de si por compreender que qualquer presença que não seja para privilegiar a sua é, antes de tudo, uma incontrolável impressão de invasão, que deve ser seguida de captura e morte. Assim o ‘narcisismo instintivo’ é esse amor a sí que precede e inaugura qualquer encontro, e que não passa pela presença do outro, mesmo que este outro, no caso de um bebê, possa ser “somente” a mãe.
Por isso a estese, e consequentemente a estética, é esse ferimento primário do outro em nós. Isto é: a própria noção de percepto e estímulo obrigam que a metáfora ofereça vínculos com sensações de ferimento. Isto é, o percepto é aquilo com que o objeto nos atinge e nos acossa, e que, se tirarmos a emoção envolvida no evento, este acossamento que fere se chama estímulo. No caso da psicanálise poderíamos chamar de trauma, pois a percepção do outro é dor que prenuncia a chegada de uma dor maior ainda. Dor que antecede ao ser, e se apresenta como ‘músculos-em-ação’, uma vez que ‘músculos-em-ação’ é o mesmo que viver angústia e medo sem pensar.
Ou seja, se de fato, é o “narcisismo instintivo” aquilo que nos coloca em confronto com o outro, de encontro ao outro, é porque este narcisismo evolve da autoconservação, e esta é instintiva. Instintivo quer dizer “resposta de gatilho”, algo sem controle, automático e sem a contribuição do pensamento. Creio que, para quem tem uma cidadela a preservar, este alguém, se de fato a possui, deve automaticamente reagir a favor de si por compreender que qualquer presença que não seja para privilegiar a sua é, antes de tudo, uma incontrolável impressão de invasão, que deve ser seguida de captura e morte. Assim o ‘narcisismo instintivo’ é esse amor a sí que precede e inaugura qualquer encontro, e que não passa pela presença do outro, mesmo que este outro, no caso de um bebê, possa ser “somente” a mãe.
Dr. Emir
Um comentário:
"deve automaticamente reagir a favor de si por compreender que qualquer presença que não seja para privilegiar a sua é, antes de tudo, uma incontrolável impressão de invasão, que deve ser seguida de captura e morte". Caríssimo Emir: Em termos de cultura, penso nas suas palavras articuladas com o conceito de "mixofobia" que Bauman trabalho no livro Amor Líquido. O medo de lidar com as diferenças, medo do outro. Ortega y Gasset falava do "perigo que é o outro e a surpresa que é o eu". Parece que o livro de Le Bon "Psicologia das Multidões", junto com o clássico de Freud "Psicologia das Massas" hoje estão mais vigentes do que nunca. Abraço fraternal e obrigado pela sua clareza meridiana para abordar essas questões.Claudio César Montoto
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