quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

trabalho e infelicidade!

"Mas vimos que o sujeito que sofre com sua relação para com o trabalho é frequentemente levado, nas condições atuais, a lutar contra a expressão pública de seu próprio sofrimento. Afetivamente, ele pode então assumir uma postura de indisponibilidade e de intolerância para com a emoção que nele provoca a percepção do sofrimento alheio. Assim, a intolerância afetiva para com a própria emoção reacional acaba levando o sujeito a abstrair-se do sofrimento alheio por uma atitude de indiferença - logo , de intolerância para com o que provoca seu sofrimento. Em outras palavras, a consciência do - ou a insensibilidade ao - sofrimento dos desempregados depende inetivalmente da relaçaõ do sujeito para com seu próprio sofrimento. Eis por que a análise da tolerância ao sofrimento do desempregado e à injustiça por ele sofrida passa pela elucidação do sofrimento no trabalho. Ou, dito de outra maneira, a impossibilidade de exprimir e elaborar o sofrimento no trabalho constitui importante obstáculo ao reconhecimento do sofrimento dos que estão sem emprego."

Dejours, C. A banalização da injustiça social. p. 46, grifos do autor.



Dr. Emir

Um comentário:

Debora Terriani Laera disse...

Impactante comentário. Você é brilhante !! Muitas vezes você sintetiza e traduz meus pensamentos !! Acho bárbara essa tua capacidade. Quando eu crescer quero ser assim ! hehe !! Abraços acadêmicos... Débora