domingo, 18 de setembro de 2011

Melancholia! o filme patológico de Lars Von Trier.
Um amigo me disse que o filme tratava da dor essencial de todos os seres humanos.
Eu cri. Fui ver. Minha mulher gostou. Tomou o filme de modo mais neutro e apreciou a qualidade técnica do cineasta.
Eu não. Saí irritado e fui irritado para casa...
Esperava um filme sério, profundo e tocante, encontrei um filme chato, sem esperança, sem charme, sem sonho... não havia sequer menção a uma dor que fosse essencial, algo que envolvesse uma reflexão feita com tristeza, lá nos reconditos da alma onde nos lavamos com nossas lágrimas. Só beco sem saída e realidade, desilusão e mais realidade, amargura e agressividade e depois mais realidade, verdade dita sem amor e mais realidade. Realidade que, se formos ver bem de perto, é, certamente, apenas uma fantasia melancólica de um personagem melancólico que faz um filme de um planeta que se chama MELANCHOLIA, que vai colidir com a terra e eliminá-la do universo. Ideia viciada, desejosa de peso, de gordura excessiva, de amarramento, lentidão e exaustão do tempo. Dor forçada, dor inerte, viciada em uma apatia que é apoiada em uma operação racional: a vida não tem sentido!
Não sei o que se tem contra a tristeza! Ficar triste é bom, é calmo. Não, não somos assim, preferimos valorizar, a escuridão do crescimento, a sua face de melancolia, de rancor, de repetição sem evolução. Os antigos culpavam o fígado, a bile mais especificamente. E mais especificamente ainda, a bile negra. Bem... seja hepático ou não, o filme é antipático.
É um tipo de cinema que cansa, desgasta o público e parece masturbatório. Lars insiste sempre no mesmo ponto: a desesperança. Ele quer ser o cineasta d'o inescapável. Parte da realidade última e chega à verdade absoluta. Cineasta que gosta da verdade jogada na cara. Da verdade dita a qualquer preço. Acho que, possivelmente por isto, o que ele diz, ou o que quer dizer não pode sequer ser ouvido e nem digerido, menos ainda visto. Melhor olhar para o sol e cegar-se espontaneamente, que assistir um filme cujo objetivo é, na verdade, ofender os sentidos, destruindo qualquer rastro de esperança neles. Ele não faz um poema, nem uma obra estética, é sádico e cruel: ele demonstra, como um algebrista, o que é a verdade dita sem amor, e como ela pode ser destrutiva. Cineasta da verdade dita de modo histérico, histriônico e exibicionista. É verdadeiro, não se negue isto. Mas é uma verdade menor. É uma verdade que não presta, ou presta pouco. Desnudamento inútil, desnecessário... desagradável pagar por um espetáculo desse calibre moralista e redutor do problema.
A dor que nutre o homem e o faz crescer, é para poucos.
Os imaturos esperneiam e fazem sintomas. Ou, então, fazem um cinema cuja verdade é de baixa qualidade e desemboca no desejo de cegar quem olha!

Emir

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A morte e a psicanálise - Conrad Stein

"Être plus fort que la mort.
Nous pouvons maintenir qu’en psychanalyse il n’est pas question d’un souhait d’être immortel. En revanche, nous devons affirmer que la psychanalyse est fondée sur la négation de la mort. Négation de la mort, ou plutôt ignorance de la mort, je l’ai déjà dit, dans le rêve qui est retrouvaille du paradis perdu ; et Freud aurait pu dire que l’inconscient ignore la mort comme il ignore la négation, car il est négation. […]
L’interprétation du rêve est une œuvre et, de même que la présentation d’un séminaire, de même que toute œuvre, elle repose sur la négation de la mort. Mais cette œuvre est produite comme un mémorial de la virtuelle immortalité qui était celle du rêveur et qui ne saurait s’accomplir autrement qu’en ce mémorial. Du même coup, elle témoigne de ce que le rêveur est mortel […]. Il ne s’agit, en définitive, de rien d’autre que de la répugnance qui nous habite tous, à reconnaître que nous sommes mortels." Conrad Stein, Aussi je vous aime bien, Paris, Denoël, 1978, p. 45-46


Emir