domingo, 15 de março de 2009

Acusar.

Mas como acusar é inevitável e é no encontro com alguém onde se compreende de onde vem a dor, tudo aí se resolve: o encontro é sofrimento porque é acusação de dor sentida. Por que é do outro humano de onde parte a dor que é minha e que eu mesmo lhe projetei.
Aqui Emanuel Lévinas talvez ajude Klein a dizer o que deveria ser dito.

“O turbilhão: o sofrimento do outro, minha piedade por seu sofrimento, minha dor por causa dessa dor, etc., pára em mim. Eu – o que comporta em toda essa iteração um movimento adicional. Meu sofrimento é ponto de mira de todos os sofrimentos (...) Não é o fogo purificador do sofrimento que, magicamente, contaria aqui. Esse elemento de ‘pura queimadura’, por nada, no sofrimento, é a passividade do sofrimento que impede seu retorno como sofrimento assumido onde se anularia o ‘para-o-outro’ da sensibilidade, ou seja, seu sentido mesmo (...) A encarnação do Si e suas possibilidades de dor gratuita devem ser compreendidas em função do acusativo absoluto do Si, passividade aquém de toda passividade no fundo da matéria fazendo-se carne. Mas é preciso perceber, no caráter anárquico do sofrimento – e antes de qualquer reflexão – um sofrimento do sofrimento.” (apud Schneider, 1997, p.83).



Dr. Tomazelli

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