quinta-feira, 26 de março de 2009

O arcaico

Entre o arcaico e o real está o sujeito. Ali, por um fio. Precisamente ali, no meio, fazendo força para nascer e dar suporte corporal a essa colisão trágica. O sujeito nasce desse colapso que se dá no encontro inicial entre os mundos. É um encontro que se repete. Garcia-Rosa, em seu livro "Acaso e Repetição", fala do trágico como sendo aquilo que é da ordem da repetição do acaso. No arcaico o trágico também é repetição. Mas uma vez é o acaso que permite o encontro do sujeito com aquilo que seria seu destino. Fazemos o mesmo, mais uma vez, repetimos aquilo que aconteceu inesperadamente, repetimos o que escapou e o que evanesceu.
É o encontro com aquilo que está pronto para ser descoberto e imediatamente recoberto pelo esquecimento do conhecido do mundo: amnésia originária. E é aí que a experiência de construir conhecimento vem a equivaler à experiência traumática. Traumática porque causa no interior psíquico da criança, que não discrimina essas duas dimensões da vida psíquica, uma destruição real do simbólico e do fantasma, e uma impossibilidade de acesso ao auxilio sereno de um adulto sadio, desejoso de vida e de oferecer hospitalidade àquele que chega.
Dr.Tomazelli

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