Mentira também pode ser apenas a construção de uma hipótese provisória para explicar aquilo para o que não se encontrou ainda nem definição nem palavra que abarque a experiência satisfatoriamente.
Dr. Tomazelli
terça-feira, 31 de março de 2009
Verdade como Bion a pensava...
"Verdade sem amor é crueldade.
Amor sem verdade é paixão."
Wilfred Bion
(não sei a fonte no Bion, mas ela está escrita em um dos livros do Antonio Muniz de Resende)
Dr. Tomazelli
domingo, 29 de março de 2009
Falar a verdade!
Falar a verdade é falar da sujeira que há sob as coisas.
É falar sobre o que não deve ser dito. É dar voz ao que ninguém quer ouvir, menos ainda quer se ocupar.
A verdade fere. Atinge o que não deve, e levanta, mesmo que seja uma apresentação do real e da realidade, suspeita, desconfiança e aumento da agressividade entre todos.
Emir Tomazelli
quinta-feira, 26 de março de 2009
O arcaico
Entre o arcaico e o real está o sujeito. Ali, por um fio. Precisamente ali, no meio, fazendo força para nascer e dar suporte corporal a essa colisão trágica. O sujeito nasce desse colapso que se dá no encontro inicial entre os mundos. É um encontro que se repete. Garcia-Rosa, em seu livro "Acaso e Repetição", fala do trágico como sendo aquilo que é da ordem da repetição do acaso. No arcaico o trágico também é repetição. Mas uma vez é o acaso que permite o encontro do sujeito com aquilo que seria seu destino. Fazemos o mesmo, mais uma vez, repetimos aquilo que aconteceu inesperadamente, repetimos o que escapou e o que evanesceu.
É o encontro com aquilo que está pronto para ser descoberto e imediatamente recoberto pelo esquecimento do conhecido do mundo: amnésia originária. E é aí que a experiência de construir conhecimento vem a equivaler à experiência traumática. Traumática porque causa no interior psíquico da criança, que não discrimina essas duas dimensões da vida psíquica, uma destruição real do simbólico e do fantasma, e uma impossibilidade de acesso ao auxilio sereno de um adulto sadio, desejoso de vida e de oferecer hospitalidade àquele que chega.
É o encontro com aquilo que está pronto para ser descoberto e imediatamente recoberto pelo esquecimento do conhecido do mundo: amnésia originária. E é aí que a experiência de construir conhecimento vem a equivaler à experiência traumática. Traumática porque causa no interior psíquico da criança, que não discrimina essas duas dimensões da vida psíquica, uma destruição real do simbólico e do fantasma, e uma impossibilidade de acesso ao auxilio sereno de um adulto sadio, desejoso de vida e de oferecer hospitalidade àquele que chega.
Dr.Tomazelli
Mais humanidade
W. H. AUDEN
De 'Primeiro de setembro de 1939':
Crianças com medo da noite
Que nunca foram felizes nem boas
(Children afraid of the night
Who have never been happy or good)
De 'O escudo de Aquiles':
...perderam seu orgulho
E morreram como homens antes que seus corpos morressem.
(...they lost their pride
And died as men before their bodies died.)
Um rapazola esfarrapado, só e sem destino,
Vagava por aquele terreno baldio, um pássaro
Voou em busca de segurança, fugindo de sua pedra de boa mira:
Que moças são estupradas, que dois rapazes esfaqueiam um terceiro,
Eram axiomas para ele, que nunca tinha ouvido falar
De nenhum mundo onde as promessas fossem cumpridas.
Ou de que alguém pudesse chorar porque outra
pessoa estivesse chorando.
(A ragged urchin, aimless and alone,
Loitered about that vacancy, a bird
Flew up to safety from his well-aimed stone:
That girls are raped, that two boys knife a third,
Were axioms to him, who'd never heard
Of any world where promises were kept.
Or one could weep because another wept.)
tradução de Sérgio Flaksman
Dr. Emir (seguindo as dicas do amigo Lineu Silveira)
De 'Primeiro de setembro de 1939':
Crianças com medo da noite
Que nunca foram felizes nem boas
(Children afraid of the night
Who have never been happy or good)
De 'O escudo de Aquiles':
...perderam seu orgulho
E morreram como homens antes que seus corpos morressem.
(...they lost their pride
And died as men before their bodies died.)
Um rapazola esfarrapado, só e sem destino,
Vagava por aquele terreno baldio, um pássaro
Voou em busca de segurança, fugindo de sua pedra de boa mira:
Que moças são estupradas, que dois rapazes esfaqueiam um terceiro,
Eram axiomas para ele, que nunca tinha ouvido falar
De nenhum mundo onde as promessas fossem cumpridas.
Ou de que alguém pudesse chorar porque outra
pessoa estivesse chorando.
(A ragged urchin, aimless and alone,
Loitered about that vacancy, a bird
Flew up to safety from his well-aimed stone:
That girls are raped, that two boys knife a third,
Were axioms to him, who'd never heard
Of any world where promises were kept.
Or one could weep because another wept.)
tradução de Sérgio Flaksman
Dr. Emir (seguindo as dicas do amigo Lineu Silveira)
segunda-feira, 23 de março de 2009
Megalomania
"A transformação que envolve ‘vindo a ser’ é inseparável de vindo a ser Deus, realidade última, a Causa Primeira. A dor ‘noite escura’ é medo de megalomania. Este medo inibe a aceitação de ser responsável, isto é maduro, porque esta condição parece envolver sendo Deus, sendo a Causa Primeira, sendo a realidade última com uma dor que pode ser, se bem que inadequadamente, expressa por ‘megalomania’." (pp.187,188)
(Bion, Wilfred – Transformações; tradução de Carlos Heleodoro Pinto Affonso, Maria Regina Affonso Junqueira, Luiz Carlos Uchoa Junqueira Filho; Imago; Rio de Janeiro; 1983)
Dr. Tomazelli
terça-feira, 17 de março de 2009
Assassinos.
Vou tentar fazer algumas perguntas:
-Por que o assassino não designa a si mesmo a qualidade de ódio semelhante à que ele designa ao outro quando o escolhe e mata?
-Ele ama a si mesmo?
-E ao outro, ele... ele é uma perturbação, um zumbido?
-Por que ele não mata a si mesmo? Já que se trata de eliminar uma perturbação.
-Ele se auto preserva?
-Essa preservação é amor a si?
-É amor próprio?
-Ele não teria ódio próprio?
-Quem tem ódio próprio se suicida?
-Quem tem amor próprio assassina?
Dr. Emir
-Por que o assassino não designa a si mesmo a qualidade de ódio semelhante à que ele designa ao outro quando o escolhe e mata?
-Ele ama a si mesmo?
-E ao outro, ele... ele é uma perturbação, um zumbido?
-Por que ele não mata a si mesmo? Já que se trata de eliminar uma perturbação.
-Ele se auto preserva?
-Essa preservação é amor a si?
-É amor próprio?
-Ele não teria ódio próprio?
-Quem tem ódio próprio se suicida?
-Quem tem amor próprio assassina?
Dr. Emir
domingo, 15 de março de 2009
Acusar.
Mas como acusar é inevitável e é no encontro com alguém onde se compreende de onde vem a dor, tudo aí se resolve: o encontro é sofrimento porque é acusação de dor sentida. Por que é do outro humano de onde parte a dor que é minha e que eu mesmo lhe projetei.
Aqui Emanuel Lévinas talvez ajude Klein a dizer o que deveria ser dito.
“O turbilhão: o sofrimento do outro, minha piedade por seu sofrimento, minha dor por causa dessa dor, etc., pára em mim. Eu – o que comporta em toda essa iteração um movimento adicional. Meu sofrimento é ponto de mira de todos os sofrimentos (...) Não é o fogo purificador do sofrimento que, magicamente, contaria aqui. Esse elemento de ‘pura queimadura’, por nada, no sofrimento, é a passividade do sofrimento que impede seu retorno como sofrimento assumido onde se anularia o ‘para-o-outro’ da sensibilidade, ou seja, seu sentido mesmo (...) A encarnação do Si e suas possibilidades de dor gratuita devem ser compreendidas em função do acusativo absoluto do Si, passividade aquém de toda passividade no fundo da matéria fazendo-se carne. Mas é preciso perceber, no caráter anárquico do sofrimento – e antes de qualquer reflexão – um sofrimento do sofrimento.” (apud Schneider, 1997, p.83).
Dr. Tomazelli
Aqui Emanuel Lévinas talvez ajude Klein a dizer o que deveria ser dito.
“O turbilhão: o sofrimento do outro, minha piedade por seu sofrimento, minha dor por causa dessa dor, etc., pára em mim. Eu – o que comporta em toda essa iteração um movimento adicional. Meu sofrimento é ponto de mira de todos os sofrimentos (...) Não é o fogo purificador do sofrimento que, magicamente, contaria aqui. Esse elemento de ‘pura queimadura’, por nada, no sofrimento, é a passividade do sofrimento que impede seu retorno como sofrimento assumido onde se anularia o ‘para-o-outro’ da sensibilidade, ou seja, seu sentido mesmo (...) A encarnação do Si e suas possibilidades de dor gratuita devem ser compreendidas em função do acusativo absoluto do Si, passividade aquém de toda passividade no fundo da matéria fazendo-se carne. Mas é preciso perceber, no caráter anárquico do sofrimento – e antes de qualquer reflexão – um sofrimento do sofrimento.” (apud Schneider, 1997, p.83).
Dr. Tomazelli
terça-feira, 10 de março de 2009
Imaturidade
Para a imaturidade, o tempo e a observação da realidade, são insuportáveis, pois, na imaturidade, prevalece o desespero por solução rápida, e, infelizmente, é ela mesma, a própria imaturidade, que gera essa brutalidade que é defensiva contra a relação com a verdade.
Dr. Tomazelli
Dr. Tomazelli
segunda-feira, 9 de março de 2009
aos jovens!
Para um sujeito que está envolvido a fundo no projeto humano não há infância, não há descanso: a vida real não é para principiantes.
Dr. Tomazelli
domingo, 8 de março de 2009
Narcisismo.
No mundo dos reflexos o triunfo supremo é do deus-olho-vigilante, ser interno, invejoso devorador de vidas. No narcisismo não há como ultrapassar o portal que dá acesso ao ser. Ficamos detidos na mimese, na imitação, no simulacro. O ídolo nos detém ali junto ao altar para nos arrancar, se não os olhos ou o sangue... mais uma idolatria... além do dízimo, é certo. Idolatria é narcisismo, idolatria é heteronomia, é submissão ao ‘lider’, ao Messias, ao GRANDE OUTRO.
Dr. Tomazelli
Ambiente.
Dentro e fora de nós, o ambiente não começa tampouco acaba.
Nele a ação se eternaliza e se expande sem medida.
Por vezes adoece e se cristaliza. Fica impedida de desgastar-se nos sonhos e no esquecimento,
ou de perder-se, simplesmente, no valão das coisas sem sentido, que escorrem para os esgotos das cidades psíquicas, no dia-a-dia.
Dr. Tomazelli
sexta-feira, 6 de março de 2009
Desenvolvendo a prática da tristeza!
dedico este samba a Pedro Garrido
"Refém da Solidão"
Quem, da solidão fez seu bem,
Vai terminar seu refém,
Não vai nem vem,
E uma certa paz, que não faz nem desfaz,
Tornando as coisas banais,
E o ser humano incapaz de prosseguir,
Sem ter pra onde ir...
Infelizmente eu nada fiz,
Não fui feliz nem infeliz,
Eu fui somente um aprendiz
Daquilo que eu não quis,
Aprendiz de morrer,
Mas pra aprender a morrer
foi necessário viver
E eu vivi, mas nunca descobri,
Se essa vida existe,
Ou se essa gente é que insiste,
Em dizer se é triste ou se é feliz,
Vendo a vida passar...
Ah, essa vida é uma atriz,
Que corta o bem na raiz,
E faz do mal cicatriz,
Vai ver até que essa vida é morte
E a morte é a vida que se quer".
Vai terminar seu refém,
Não vai nem vem,
E uma certa paz, que não faz nem desfaz,
Tornando as coisas banais,
E o ser humano incapaz de prosseguir,
Sem ter pra onde ir...
Infelizmente eu nada fiz,
Não fui feliz nem infeliz,
Eu fui somente um aprendiz
Daquilo que eu não quis,
Aprendiz de morrer,
Mas pra aprender a morrer
foi necessário viver
E eu vivi, mas nunca descobri,
Se essa vida existe,
Ou se essa gente é que insiste,
Em dizer se é triste ou se é feliz,
Vendo a vida passar...
Ah, essa vida é uma atriz,
Que corta o bem na raiz,
E faz do mal cicatriz,
Vai ver até que essa vida é morte
E a morte é a vida que se quer".
Baden Powell e Paulo César Pinheiro.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Ser!
E daqui se extrai o ensinamento: ‘fazer-se ser’ é diferente de ‘poder ser’. ‘Fazer-se ser’ é narcisismo, ‘poder ser’ é diferente de narcisismo. 'Poder ser' é abandonar-se ao acontecer ou à acontecência. 'Fazer-se ser' é da ordem do imediato, 'poder ser' envolve temporalidade, paciência, fé e muita tristeza, mas tristeza da boa, daquela que é dor não só de sentir, mas é dor boa de fazer poesia.
Dr.Tomazelli
terça-feira, 3 de março de 2009
Psicose e piquismo.
Psicose e psiquismo. Eu e objeto. Um e outro. Ponto de fratura, de ruptura. Forquilha ou beco sem saída? Ter vida psíquica significa exigência de trabalho e convívio com ignorância e incerteza, além de convívio com a indigesta presença de algo a que chamamos ‘o outro’. Por outro lado é bom que se tenha uma capacidade muito bem desenvolvida para suportar frustração e sermos capazes de esperar pelo tempo - em sua passagem - construindo áreas de esperança(psiquismo); que sempre serão ameaçadas pelos movimentos inesperados do impulso destrutivo contra si mesmo e contra os outros, derivado das respostas agressivas que damos sem controle(psicose).
Dr. Tomazelli
segunda-feira, 2 de março de 2009
Pathei Mathos:
"Every drama (Action, actions) leads to pathos (Suffering), from suffering comes mathos (Wisdome). "
http://hagay.blogspot.com/2006/06/drasanta-pathein-pathei-mathos.html
"Pathei Mathos
Many commentators have said that the Greek phrase pathei mathos is the meaning of Aeschylus’ the Oresteia; it means “by suffering, learning.” In order to explain this phrase, there is a great deal of suffering in the first two plays, Agamemnon and the Libation Bearers, but by the third play, the Euminides, learning takes the place of suffering. From the beginning to the end of the Oresteia, the connotation associated pathei mathos changes from an idea of revenge to one of judgment. In Agamem"
http://www.findfreecollegeessays.com/show_essay/29760.html
Dr.Tomazelli
"Every drama (Action, actions) leads to pathos (Suffering), from suffering comes mathos (Wisdome). "
http://hagay.blogspot.com/2006/06/drasanta-pathein-pathei-mathos.html
"Pathei Mathos
Many commentators have said that the Greek phrase pathei mathos is the meaning of Aeschylus’ the Oresteia; it means “by suffering, learning.” In order to explain this phrase, there is a great deal of suffering in the first two plays, Agamemnon and the Libation Bearers, but by the third play, the Euminides, learning takes the place of suffering. From the beginning to the end of the Oresteia, the connotation associated pathei mathos changes from an idea of revenge to one of judgment. In Agamem"
http://www.findfreecollegeessays.com/show_essay/29760.html
Dr.Tomazelli
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